
Anistia Internacional lança campanha por Narges Mohammadi, ativista presa no Irã
Laureada com o Nobel da Paz em 2023, a iraniana luta pelos direitos humanos.
Da Redação
07/03/24 • 09h10

A Anistia Internacional (AI) anunciou, nesta quinta-feira (7), o lançamento de uma campanha em defesa da libertação de Narges Mohammadi, ativista iraniana e laureada com o Nobel da Paz em 2023. Mohammadi, uma voz ativa na luta pelos direitos humanos no Irã, enfrenta detenção e represálias há mais de uma década. A organização, com sede em Londres, divulgou um comunicado instando a comunidade internacional a intensificar os esforços para pressionar Teerã pela libertação imediata e incondicional da ativista, além de outros indivíduos presos por exercerem pacificamente seus direitos.
O lançamento da campanha ocorreu na véspera do Dia Internacional da Mulher, destacando a importância da luta de Mohammadi e de muitas outras mulheres contra as injustiças em regimes opressores. Nascida em 21 de abril de 1972, em Zanjan, Mohammadi inicialmente se formou em Física e Engenharia, mas logo se voltou para o jornalismo, colaborando com jornais reformistas e criticando o regime teocrático liderado pelo ayatollah Ali Khamenei.
“O reconhecimento [de Narges Mohammadi] pelo comitê do Nobel da Paz envia mensagem clara às autoridades iranianas de que a sua repressão aos críticos pacíficos e aos defensores dos direitos humanos não permanecerá sem contestação”, disse a secretária-geral da Anistia Internacional, Agnès Callamard.
A atuação de Mohammadi no Centro para os Defensores dos Direitos Humanos, fundado pela também laureada com o Nobel Shirin Ebadi, exemplifica sua dedicação à causa dos direitos humanos, incluindo a luta pela abolição da pena de morte. Sua história é marcada por detenções injustas, a mais recente em 16 de novembro de 2021, após participar de uma homenagem a uma vítima da repressão estatal nos protestos de 2019.
“Após a detenção, ela foi mantida em isolamento prolongado durante 64 dias, tendo sido sujeita a tortura e outros maus-tratos que lhe causaram grande angústia e sofrimento, incluindo falta de ar, ao manterem luzes intensas acesas 24 horas por dia, limitando severamente o acesso ao ar fresco e à luz natural a apenas três vezes por semana, durante 20 minutos de cada vez e mantendo-a em isolamento quase total, sem contato significativo com outros prisioneiros”, denunciou a Anistia.
O histórico de julgamentos de Mohammadi evidencia a falta de justiça no Irã, com processos manifestamente injustos, como o que ocorreu em 4 de janeiro de 2022, que durou apenas cinco minutos e ocorreu sem o acesso a defesa legal. Em agosto de 2023, ela foi novamente condenada, dessa vez a mais um ano de prisão por supostamente “espalhar propaganda contra o sistema”, baseado em documentos que escreveu na prisão denunciando abusos.
Após sofrer ataques cardíacos em fevereiro de 2022 e ser submetida a uma cirurgia de emergência, Mohammadi foi devolvida à prisão contra recomendações médicas. Sua resiliência e compromisso com os direitos humanos no Irã, buscando “alcançar a paz”, continuam a inspirar a comunidade internacional a agir em seu apoio. A AI destaca a urgência de sua libertação como um passo fundamental na luta contra a repressão e pela promoção dos direitos humanos.